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terça-feira, 30 de maio de 2017

Pedindo carona à Drummond...

Vi no face de uma amiga esse poema... e como as vezes vivo esse tipo de situação e é algo que mexe muito comigo, acho que o poema tocou fundo... Não podia deixar de postá-lo... Obrigado Drummond por fazer suas as minhas palavras... ou seria fazer minhas as suas palavras? :D

A UM AUSENTE
Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste
Carlos Drummond de Andrade

Beijo para quem é de beijo e abraço para quem é de abraço..

Fiquem com Deus!

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